segunda-feira, 22 de junho de 2015

Demissões na indústria metalúrgica crescem 166%, diz sindicato de Mogi

As indústrias metalúrgicas de Mogi das Cruzes, Guararema, Biritiba Mirim e Poá, demitiram 1.679 funcionários entre os meses de janeiro e maio deste ano. 
Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes (que atende as quatro cidades) com base nas homologações feitas nesses períodos.
O número, segundo a entidade de classe, é 166% maior que o registrado no mesmo perído do ano passado. Nos cinco primeiros meses de 2014, 630 operários foram desligados das empresas.
Levando em conta somente o mês de maio, o número de demissões também aumentou. São 210 desligamentos em 2014 contra 447 registrados em 2015: um crescimento de 112%. A comparação com os os meses anteriores também aponta elevação de demissões. 
Abril teve 425 desligamentos contra 183 de 2014: aumento de 132%. Em março foram 385 homologações em 2015. No mesmo período do ano passado, o sindicato contabilizou 94; a diferença foi de 309%. Fevereiro registrou 224 e no período anterior foram 75 (198%). Janeiro teve 198 desligamentos em 2015 contra 68 em 2014 (191%).
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Mogi das Cruzes, Osvaldo Bolanho, estes números ilustram uma situação real do quadro empregatício nas indústrias. "A indústria é a que mais sente. Isso acontece porque são ligadas às montadoras de automóveis. 
Com essa parada nas montadoras, elas [indústrias] acabam sentindo o reflexo. Se a linha de montagem para, o mesmo ocorre com a estamparia de peças. Por isso, tem empresa que aproveita essas baixas e dá férias coletivas", explica o secretário.
Além das indústrias do setor automobilistico, que sofrem com a queda na produção de carros, as revendedoras também sentem na pele a recessão. Bolanho atribui boa parte dessa situação crítica a alta dos juros e a restrição dos financiamentos, por parte das instituições financeiras. "Por exemplo: pessoas financiavam 80% de um caminhão e agora o banco só libera 50%. A outra metade tem de ser de entrada. O investidor deixa de comprar o caminhão e não produz", detalha.
Ciesp

Segundo o o diretor do Sistema Fiesp/Ciesp no Alto Tietê, José Francisco Caseiro a situação é preocupante. O problema, segundo ele, começou no ano passado: "A indústria vem num processo acentuado de demissões desde o ano passado, em razão das dificuldades econômicas que comprometem a atividade produtiva, que retraiu cerca de 3% em 2014 e deve fechar 2015 com redução de 6%. Isso é reflexo das equivocadas políticas econômica, tributária e trabalhista.


Contudo, na análise dele, por enquanto, não há perspectivas de reversão dessa crise. "O cenário macro não tem contribuído em nada para a retomada da economia e do consequente consumo. Sem demanda, não há produção e, sem produção, as demissões são inevitáveis.  As indústrias têm procurado evitar as demissões, já que isso gera um custo direto com a indenização e é complicado abrir mão dos trabalhadores qualificados. 
Por isso, estão sendo empregadas alternativas como banco de horas, férias coletivas e até o layoff. Essa situação só começará a ser revertida quando vierem as ações esperadas, como corte de juros, maior facilidade de crédito, redução de impostos, entre outras medidas prometidas no ajuste fiscal, mas que até agora não aconteceram", detalha.
Nível emprego

Pesquisa divulgada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fies/Ciesp mostra que o nível de emprego industrial na Diretoria Alto Tietê do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) – região composta por oito municípios – apresentou resultado negativo em maio/2015. A variação foi de -0,78%, o que significou uma queda de aproximadamente 550 postos de trabalho.


A pesquisa mostra ainda que o desempenho da indústria do Alto Tietê foi pior do que o registrado na Grande São Paulo, que foi de -0,66%, e no Estado, onde o resultado foi de -0,19%. Ao todo, a indústria paulista fechou 17 mil postos de trabalho em maio.  De acordo com Caseiro, diante dos fatos, a expectativa para o segundo semestre não é nada animadora. 
“Não se trata de ser pessimista, mas está cada dia mais difícil manter o otimismo diante do que está acontecendo. É temeroso o cenário que se espera para o segundo semestre e, por isso, é preciso insistir que o governo federal adote medidas imediatas para frear essa recessão, caso contrário, teremos mais trabalhadores desempregados e indústrias fechando porque ninguém vai aguentar com férias coletivas ou layoff por muito mais tempo se não houver demanda de produtos”, alerta.
Fonte: Douglas Pires

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